#assumoborboto
Disclaimer: Tempos diferentes os que vivemos, e nesse sentido, também uma partilha um pouco diferente.
O blogue da BASEVILLE nasceu com o intuito de simplificar a questão da Sustentabilidade em Moda na ótica do consumidor. A informação neste momento é tão vasta, existem tantas fontes sobre o assunto e tantos pontos de vista diferentes, que é preciso, no mínimo, muitas horas dedicadas ao tema para se perceber o que verdadeiramente importa.
Tudo começou com o objetivo de dar mais informação, imparcial, para que cada pessoa pudesse decidir sozinha, e em consciência, a sua forma de refletir e actuar sobre o tema.
O artigo de hoje tem uma lógica um pouco diferente. Mais próxima. Em nome próprio (Ana) porque cada vez mais humanizar é preciso. Partilhar conhecimento e experiências em nome próprio, faz hoje o sentido que não fazia quando a BASEVILLE começou. Veremos o que acontece depois desta fase diferente das vidas de todos nós.
#assumoborboto
O desafio do #assumoborboto pretendeu entreter. Estamos em casa fechados, muitos de nós a pensar em filhos, home school, home office, tarefas de casa, logísticas diferentes para os bens essenciais, ficando pouco tempo para nós. Como se prevê que este período seja mais prolongado do que gostaríamos, quis desafiar de forma conjunta pessoas a pensar se efetivamente precisamos mais do que já temos.
O desafio era olhar para o nosso guarda-roupa e consciencializar o que lá está dentro e o que efetivamente usamos. Acredito muito que o que mantemos e que usamos sem parar, é o que nos apaixona. E todas as partilhas foram estas. Peças especiais que mantemos e que ficam longe do lixo.
E se tudo fosse assim?
E se todas as peças que compramos fossem apenas as que verdadeiramente nos apaixona? Seja em fast-fashion, em outlet, em saldos ou no supermercado? Obviamente que estou a simplificar, muito, mas este é um primeiro passo para os seguintes.
Segundo os dados partilhados pela Mckinsey & Company, cerca de 3/5 do que compramos acaba no aterro em menos de um ano de ter sido produzido. Tenho a certeza de que se comprarmos apenas o que nos apaixona, este número reduzirá drasticamente.
O “Culto do Novo”
Mas como chegámos aqui?
Segundo a Greenpeace cada pessoa compra, em média, mais 60% das peças do que comprava no ano 2000 e só as mantém metade do tempo. Será que estamos reféns do “culto do novo”, onde para cada situação especial, sentimos necessidade de comprar algo novo para a ocasião? Mesmo que tenhamos em casa peças semelhantes? Será que as redes sociais VS fast fashion vieram democratizar acesso a vidas inspiracionais? Com compras baratas a dar acesso a “clubes exclusivos”, que não se adequam ao nosso dia-a-dia, ao nosso estilo, ou mesmo ao nosso gosto? Acabando invariavelmente estas compras no lixo?
Mas será que o que verdadeiramente importa é o “como” ou o “porquê”? Ou o que podemos fazer para alterar a tendência?
E depois da quarentena?
E se a quarentena nos der tempo para reflectir?
Se olharmos para o exemplo da China e o “revenge spending”, existe uma grande probabilidade de quando acabar este período de quarentena imposta, começarmos a comprar desenfreadamente (porque tivemos um tempo em que não o podíamos fazer). E podemos mesmo fazê-lo usando “desculpas” de ser em segunda mão, num evento de trocas ou numa loja. Mas se não for verdadeiramente especial para vocês, o destino final vai ser o mesmo. O lixo.
E se todos juntos conseguíssemos “não voltar ao mesmo”?
Lembrem-se sempre: “Loved clothes last”.
Com amor,
Ana